Francisco Pereira de Moura

Francisco Pereira de Moura
Francisco Pereira de Moura
Nascimento 1925
Lisboa
Morte 1998 (72–73 anos)
Cidadania Portugal
Alma mater
Ocupação economista, professor, político
Empregador(a) Universidade Técnica de Lisboa
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Francisco José da Cruz Pereira de Moura (Lisboa, 17 de abril de 1925 — 4 de abril de 1998) foi um economista e professor universitário português.[1][2]

Biografia

Licenciado em Finanças, em 1950, pelo Instituto Superior de Ciências Económicas e Financeiras da Universidade Técnica de Lisboa e Doutor em Economia, em 1961, pela mesma Universidade, Pereira de Moura viria a ser professor catedrático no Instituto Superior de Serviço Social de Lisboa, e mais tarde do Instituto Superior de Economia e Gestão, onde foi professor de grandes personalidades da vida económica e política de Portugal, como João Salgueiro, Francisco Louçã, entre outros.[1]

Opositor do regime salazarista, fundou juntamente com outros companheiros de luta antifascista a Comissão Democrática Eleitoral (CDE), que viria a dar origem ao Movimento Democrático Português (MDP/CDE).[1] Pelo partido, foi o 2º candidato com mais votos reportados nas eleições legislativas de 1969.

Participou na vigília da Capela do Rato, onde viria a ser preso pela Direcção-Geral de Segurança, a polícia política do regime, e demitido do seu lugar de professor do Instituto Superior de Economia.[2] Seria sujeito a um longo período de escutas telefónicas pela PIDE.[3]

Na sequência da Revolução de 25 de Abril de 1974, Francisco Pereira de Moura representou o Movimento Democrático Português (MDP/CDE) como ministro sem pasta no primeiro governo provisório de Adelino da Palma Carlos e no quarto governo provisório, e foi ministro dos assuntos sociais no quinto governo provisório de Vasco Gonçalves.[1][2] Candidatar-se-ia como cabeça de seu partido nas eleições constituintes de 1975, obtendo 5 assentos parlamentares.

Propôs no primeiro governo a medida controversa de estabelecimento do salário mínimo em 6600 escudos (equivalente a 1.066,52 euros, taxa de conversão de 2015) sendo então o salário mínimo fixo a 3300 escudos[4], que no quarto governo viria a ser subido para 4000 escudos.[5] e afirmou-se contra a indústria do turismo, declarando-a "a prostituição do país.[6] Como ministro gonçalvista, viria a contribuir na determinação dos moldes de expropriações de propriedades estabelecidos nesse governo.[7][8]

Com a normalização da situação política e económica em Portugal, retirou-se da vida política e regressou ao ensino superior, deixando vasta obra técnica na área da Economia.

A 9 de julho de 1957, foi agraciado com o grau de Oficial da Ordem da Instrução Pública. A 21 de abril de 1995, foi agraciado com o grau de Grande-Oficial da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada.[9]

Trabalhos

  • Estrutura da Economia Portuguesa (1954 - em colaboração);
  • Estagnação ou Crescimento da Economia Portuguesa (1956);
  • Estudo sobre a Indústria Portuguesa (1956 - orientação e colaboração);
  • Localização das Indústrias e Desenvolvimento Económico (1960);
  • Lições de Economia (1961);
  • Problemas Fundamentais da Economia (1962);
  • Planeamento Industrial e Desenvolvimento Regional (1967);
  • Análise Económica da Conjuntura (1969);
  • Por onde Vai a Economia Portuguesa? (1969);
  • A Inflação e os Trabalhadores (1973);
  • A Banca, Estado Social e a Expansão dos Lucros (1973).
  • Ciclos Políticos e Modelos Político-Econométricos (1981);
  • O Ensino da Teoria Geral de Keynes no ISCEF/ISE (Lisboa, 1986);
  • Problemas do Ensino da Economia no Primeiro Ano da Universidade (Lisboa, 1989);
  • Voltando a Ler a Linha de Rumo (1991).

Referências

  1. a b c d Louçã, Francisco (Abril de 1999). «Francisco Pereira de Moura: the founder of modern economics in Portugal - 1925-1998» (em inglês). American Journal of Economics and Sociology. Consultado em 4 de Dezembro de 2010 
  2. a b c «Biografia de Francisco Pereira de Moura». netsaber.com.br. Consultado em 4 de Dezembro de 2010 
  3. Caldeira, Alfredo; Possidónio Roberto, António (2024). Os telefones têm ouvidos: escutas telefónicas da PIDE/DGS 2a. ed ed. Lisboa: Edições Colibri  !CS1 manut: Texto extra (link)
  4. «530 euros? Vale menos três euros que o primeiro em 1974». Diário de Notícias. Consultado em 12 de agosto de 2024 
  5. Finanças, Ministérios Da Administração Interna E. Das (16 de junho de 1975). «Decreto-lei 294/75, de 16 de Junho». Diários da República. Consultado em 13 de agosto de 2024. Cópia arquivada em 2012 
  6. Ferreira, Cristina (11 de maio de 2014). «A saga dos tecnocratas a seguir à revolução». PÚBLICO. Consultado em 12 de agosto de 2024 
  7. Pescas, Ministério Da Agricultura E. (29 de julho de 1975). «Decreto-lei 406-A/75, de 29 de Julho». Diários da República. Consultado em 12 de agosto de 2024 
  8. Piçarra, Constantino (2020). Barros, Maria Filomena Lopes de; Gato, Ana Paula, eds. «A reforma agrária e o seu impacto na sociedade rural dos campos do sul, 1975 – 1977». Évora: Publicações do Cidehus. Biblioteca - Estudos & Colóquios. ISBN 979-10-365-6308-9. Consultado em 12 de agosto de 2024 
  9. «Entidades Nacionais Agraciadas com Ordens Portuguesas». Resultado da busca de "Francisco José Cruz Pereira de Moura". Presidência da República Portuguesa. Consultado em 1 de setembro de 2020 
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