Convento de Santo Antônio do Paraguaçu

Convento de Santo Antônio do Paraguaçu
Convento de Santo Antônio do Paraguaçu
Informações gerais
Património Nacional
SIPA 30666
Geografia
País Brasil
Localidade Cachoeira
Coordenadas 12° 44' 35" S 38° 52' 25" O

O Convento de Santo Antônio do Paraguaçu é um convento localizado no povoado de São Francisco do Paraguaçu em Cachoeira, no estado brasileiro da Bahia. Pertence à Ordem Religiosa Franciscana. Foi tombado em 1941 com todo o seu acervo pelo IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional).[1]

História

A fundação do Convento ocorreu em 1649 mas a primeira pedra só foi lançada 9 anos depois, no dia 4 de fevereiro de 1658, na presença do guardião, Frei Ângelo Nascimento. Inicialmente os frades construíram uma pequena capela a Nossa Senhora da Glória e pequeno Cruzeiro (ambos já destruídos) na área chamada Pontal, doada pelo Padre Pedro García de Araújo, e supõe-se que as obras da Igreja duraram apenas 2 anos e o convento levaria 28 anos para ser concluído (1686), repleto de obras de arte como imagens, pinturas e móveis.[2]

Neste Convento funcionou um Noviciado, o segundo a ser construído no Brasil, onde os jovens eram admitidos para se tornarem novos sacerdotes e muitos deles foram figuras importantes como Frei Antônio de Santa Maria Jaboatão, autor do "Novo Orbe Seráfico Brasílico", registro da história dos franciscanos no Brasil.[2]

Igreja e Convento de Santo Antônio do Paraguaçu

Ali também funcionou durante 43 anos um pequeno hospital com enfermaria, chamado Hospital de N. Srª de Belém, e muitos serviços ele prestou em 1686 quando ocorreu a epidemia da febre amarela, chamada "peste da bicha", servindo às diversas comunidades da região, até ser transferido em 1729 para cidade de Cachoeira (Bahia), onde seria construído o hospital que futuramente seria levado à categoria de Santa Casa de Misericórdia.[2]

Com a proibição imperial de admitir noviços (1855), vários conventos foram abandonados e posteriormente, Convento e Igreja foram doados à Arquidiocese da Bahia. Em 19 de fevereiro de 1915, o Arcebispo D. Jerônimo Tomé da Silva assina Portaria designando uma comissão para proceder levantamento do estado do Convento, autorizando demolição e venda das terras para financiar reparos e manutenção da igreja, sacristia e corredores e tal decisão acelerou a ruína do patrimônio que foi duramente espoliado. Este mesmo Arcebispo foi o responsável pela demolição da Igreja da Sé em Salvador. Aos olhos da atualidade, ambas autorizações se constituem um crime contra o patrimonio histórico.

O imóvel foi tombado em 1941 pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), que ali tem realizado trabalhos de conservação e consolidação das estruturas e restauração das imagens.

Arquitetura

Ruínas das Paredes do Convento

Durante o período de construção do convento, os franciscanos já tinham conseguido uma independência em relação a Portugal, e os projetos arquitetônicos das suas igrejas e conventos no Brasil não precisavam mais ser enviados para Portugal para obter a aprovação. Isso possibilitou uma nova escola arquitetônica e a edificação do convento foi uma das primeiras a seguir esta nova arquitetura, projetada pelo Frei Francisco dos Santos.[1][2][3]

Erguido em área plana, em um nível um pouco mais alto que o rio Paraguassú, possuía um cruzeiro, comum aos conventos franciscanos, de base poligonal e feito de arenito, com alguns elementos "indo-portugueses".[1][4]

Cruzeiro

Com a fuga dos frades por causa da perseguição política no século XIX, igreja e convento foram abandonados. Em uma tentativa de recuperar a igreja, foi autorizada a demolição do convento para a venda de sua terra assim como a venda de seus bens. Ato similar ocorreu com a igreja cujos elementos foram retirados ou vendidos, desaparecendo imagens, retábulos, lavabos, restando somente ruínas. Da sua nave única com teto pintado, das tribunas, das abóbodas de berço, só restaram a armação. Há remanescentes de azulejos no claustro, no galile (área coberta antecedendo a entrada ao templo religioso), na nave central, na sacristia e no refeitório. Pelos vestígios, o piso deveria ser de mármore.[1][2][4]

Azulejos Nave

A fachada principal da igreja do Convento tem um traçado piramidal, com três pavimentos em larguras decrescentes e alguns elementos que remetem à arquitetura oriental. Bem ao topo está um nicho com a imagem de Santo Antônio. Seu convento possuía planta de dois pavimentos, chaminé na cozinha e um aqueduto que provia água para o convento.[1][2][4]

Ver também

Referências

  1. a b c d e «Cachoeira - Convento de Santo Antônio de Paraguassú -ipatrimônio». Consultado em 20 de agosto de 2021 
  2. a b c d e f Flexor, Maria Helena Ochi. «Igrejas e conventos da Bahia» (PDF). Consultado em 5 de fevereiro de 2013 [ligação inativa]
  3. Ochi Flexor, Maria Helena (2010). «Igrejas e Conventos da Bahia» (PDF). Consultado em 20 de agosto de 2021 
  4. a b c Perfil (17 de fevereiro de 2016). «Igreja e ruínas do Convento de Santo Antônio, Vila de São Francisco do Paraguaçu (Cachoeira) – Bahia». Histórias, fotografias e significados das igrejas mais bonitas do Brasil. Consultado em 20 de agosto de 2021 

Bibliografia

  • http://www.faced.ufba.br/~bibjas/sao_francisco1.html  Em falta ou vazio |título= (ajuda)