Oeste Baiano
O Oeste Baiano é uma região geográfica e econômica do estado da Bahia, sendo o território baiano localizado à margem esquerda do Rio São Francisco.
Municípios
O Oeste Baiano é constituído dos seguintes municípios pertencentes aos seguintes territórios de identidade (TIs) baianos:[1][2]
- A totalidade do TI Bacia do Rio Grande: Angical, Baianópolis, Barreiras, Buritirama, Catolândia, Cotegipe, Cristópolis, Formosa do Rio Preto, Luís Eduardo Magalhães, Mansidão, Riachão das Neves, Santa Rita de Cássia, São Desidério e Wanderley;
- A totalidade do TI Bacia do Rio Corrente: Brejolândia, Canápolis, Cocos, Coribe, Correntina, Jaborandi, Santa Maria da Vitória, Santana, São Felix do Coribe, Serra Dourada e Tabocas do Brejo Velho;
- Cinco municípios do TI Velho Chico: Barra, Carinhanha, Muquém do São Francisco, Sítio do Mato e Serra do Ramalho;
- Quatro municípios do TI Sertão do São Francisco: Campo Alegre de Lourdes, Casa Nova, Pilão Arcado e Remanso.
História
O Oeste Baiano teve como primeiros habitantes diversos povos indígenas, como tupinambás, tamoios, cataguás, xacriabás, aricobés, tupinas, ocrens e tabajaras.[3]
A região conhecida como sertões do Além São Francisco (atual Oeste Baiano) foi colonizada em meados do século XVII, por meio de vaqueiros baianos, rendeiros da Casa da Torre e da Casa da Ponte. A partir do Oeste Baiano, a pecuária avançou em direção ao Piauí. Além da pecuária, a presença colonizadora na região também se fez pela fundação de missões, como a de Aricobé (atualmente em Angical), fundada pelos capuchinhos em 1739.[3]
Em 1698, uma Carta Régia do então rei de Portugal D. Pedro II oficializou os três primeiros povoados na região que hoje é o Oeste Baiano: Barra, Santa Rita (atual Santa Rita de Cássia) e Campo Largo (atual Taguá, Cotegipe).[3]
Por questões estratégicas à Coroa Portuguesa, em 1715 os sertões do Além São Francisco passaram da Capitania da Bahia para a de Pernambuco.[3]
Com a mudança do eixo econômico do Brasil para o Sudeste e a transferência da capital brasileira para o Rio de Janeiro em 1763, os sertões do Além São Francisco ficaram cada vez mais isolados. Nessa época, além da pecuária, começava a ganhar destaque na economia dessa região sertaneja a mineração de sal.[3]
A primeira vila do Oeste Baiano foi Barra do Rio Grande (atual Barra), criada em 1752. Dela, se originaram a grande maioria dos municípios da região.[3][4]
Em 1820, foi criada a Comarca do São Francisco, que abrangia toda a região que hoje é o Oeste Baiano. Quatro anos depois, por meio de decreto imperial de 7 de julho de 1824, como punição a Pernambuco por sua participação na Confederação do Equador, essa comarca passou para a jurisdição de Minas Gerais. Finalmente, um decreto imperial de 15 de outubro de 1827 transferiu a Comarca do São Francisco para a Bahia.[3]
No final do século XIX, ganhou destaque, na região de Barreiras, a extração de borracha de mangabeira, tornando-se uma das bases da economia local.[3]
A partir da década de 1930, foram construídas rodovias ligando o Oeste Baiano ao resto do Brasil, rompendo o seu relativo isolamento, e a construção dessas vias ganhou impulso com a construção de Brasília. A navegação, principal forma de transporte da região com o restante do país, foi perdendo força.[3][5]
Na década de 1970, com a construção da Usina de Sobradinho e o consequente surgimento do lago artificial, as sedes municipais de Casa Nova, Remanso e Pilão Arcado tiveram que ser deslocadas.[5]
A partir da década de 1980, houve um avanço do agronegócio, sobretudo do cultivo de soja, na região do Oeste Baiano, parte integrante do MATOPIBA, trazendo desenvolvimento econômico a essa parte da Bahia. Por outro lado, isso tem gerado na região do MATOPIBA um grande desmate, fazendo dessa área um dos motores do desmatamento no Brasil, e expulsão de povos tradicionais.[5][6]
Geografia
O Oeste Baiano possui uma área territorial de 171.064 km².
Em relevo, o Oeste Baiano está dividido entre o Chapadão Ocidental do São Francisco e a Depressão Sertaneja-São Francisco.[7]
A vegetação predominante na região é o Cerrado, embora a Caatinga seja dominante nas regiões próximas ao Rio São Francisco e haja ilhas de Mata Atlântica. No entanto, a vegetação dessa área já está bastante degradada, devido predominantemente ao agronegócio.[1][8]
O clima predominante no Oeste Baiano é o tropical semiúmido, embora também seja possível encontrar o clima tropical semiárido.[1]
Demografia
Segundo o censo de 2022, o Oeste Baiano possui uma população de 998.259 habitantes, correspondendo a 7,1% da população do estado. A densidade demográfica dessa região é de 5,84 hab./km², o que corresponde a menos de um quarto da densidade demográfica baiana.
Etnicamente, a maioria da população do Oeste Baiano é mestiça entre europeus e indígenas ou mestiça entre europeus, indígenas e africanos. A presença do escravo africano na região varia conforme a área, estando bastante presente em regiões próximas ao São Francisco e menos presente nas regiões do Oeste Baiano fora do Vale do São Francisco. No Oeste Baiano há, também, a presença de migrantes oriundos do Sul do Brasil, os quais chegaram a essa área junto com o agronegócio.[3][5]
Ainda segundo o Censo 2022, os municípios mais populosos da região são Barreiras (159.743), Luís Eduardo Magalhães (107.909) e Casa Nova (72.085).[9]
Economia
Em 2020, o PIB do Oeste Baiano era de R$ 33 bilhões, o que correspondia a 10,8% do PIB estadual.
A base da economia da região é o agronegócio.
Referências
- ↑ a b c Rebouças, Fádia dos Reis; Barbosa, Merissa Andrade Leite; Giudice, Dante Severo. «Análise da criação do Estado do Rio São Francisco sob a caracterização socioeconômica da região Oeste do Estado da Bahia» (PDF). Consultado em 3 de janeiro de 2024
- ↑ «Divisão Territorial da Bahia». Secretaria de Cultura do Estado da Bahia. Consultado em 3 de janeiro de 2024
- ↑ a b c d e f g h i j Proposta político-pedagógica institucional (PDF). Barreiras: UFOB. 2014. pp. 13–31
- ↑ «Barra (BA) - histórico». IBGE Cidades. Consultado em 3 de janeiro de 2024
- ↑ a b c d Brandão, Paulo Roberto Baqueiro (19 de julho de 2010). «A formação territorial do Oeste Baiano: a constituição do "Além São Francisco" (1827-1985)». GeoTextos. 6 (1): 35-50. ISSN 1984-5537. doi:10.9771/1984-5537geo.v6i1.4304
- ↑ Madeiro, Carlos (13 de agosto de 2022). «Matopiba: Nova fronteira agro do país lidera em desmate e expulsa moradores». UOL Notícias. Consultado em 3 de janeiro de 2024
- ↑ «Mapa: Relevo - Estado da Bahia» (PDF). SEI-BA. Consultado em 3 de janeiro de 2024
- ↑ Proposta político-pedagógica institucional (PDF). Barreiras: UFOB. 2014. pp. 34–44
- ↑ Bartolo, Ana Beatriz (28 de junho de 2023). «As cidades mais populosas da Bahia, segundo Censo 2022». Valor Econômico. Consultado em 3 de janeiro de 2024