Mãe Agripina de Aganju

Agripina Soares de Souza
Mãe Agripina de Aganju
Agripina em seu terreiro
Nascimento 28 de março de 1890
Santo Amaro, BA, Brasil
Morte 26 de dezembro de 1966 (76 anos)
Brasília, Distrito Federal, Brasil
Religião Candomblé Queto

Agripina Soares de Souza (Santo Amaro, 28 de março de 1890 - Brasília, 26 de dezembro de 1966), também conhecida como Obá Dei,[1] foi uma celebrada sacerdotisa do Candomblé Queto (ialorixá), ativo ao longo do século XX em Salvador e Rio de Janeiro.

Vida

Agripina nasceu em Santo Amaro, no Recôncavo Baiano, em 28 de março de 1890. Em data incerta, se casou com o comerciante Amaro de Souza, que operava no Mercado Modelo de Salvador, e ali se fixaram. Em decorrência de um incêndio, perdeu todos os seus bens e o casal foi acolhido pela ialorixá Eugênia Ana dos Santos, a Mãe Aninha, que lhes deu um pedaço de terra na roça de São Gonçalo do Retiro.[1] No local, com ajuda de Joaquim Vieira da Silva, o Obá Sinhá, Eugênia fundou o terreiro de Ilê Axé Opô Afonjá em 1910.[2][3] Em 7 de setembro do mesmo ano, com 20 anos de idade, Agripina foi feita primeira iaô do Ilê Axé com Xangô Aganju como seu orixá.[1] Em 1935, foi designada a nova ialorixá do Ilê Axé Opô Afonjá fundado e gerenciado nos anos 1930 por Eugênia em São João de Meriti. Em tal tarefa, foi auxiliada por Paulina de Oxum.[4]

O terreiro mudou de endereço inúmeras vezes ao longo dos anos subsequentes até ser instalado em definitivo, em 1946, em Coelho da Rocha, onde Agripina construiu um barracão, quartos de santo e a casa onde residiria. Lá não só fazia suas obrigações como fundou, em sede própria, a Sociedade Cruz Santa do Rio de Janeiro Axé Opô Afonjá. Entre 1951 e 1965, iniciou 33 iaôs em sete barcos e confirmou vários ogãs. Em 1966, fez uma viagem a Brasília para realizar uma cirurgia ocular. Se sabe que também possuía bronquite asmática. Faleceu ali em 26 de dezembro. Seu corpo foi transladado ao Rio de Janeiro, e sepultado no Campo Santo da Vila Rosali. Após a conclusão dos rituais fúnebres, Cantulina Garcia Pacheco, dita Airá Tolá, que servia como iaquequerê desde 1958, foi designada sua sucessora como ialorixá.[5]

Avaliação

Segundo João Batista dos Santos Tobiobá, Agripina "não sabia nada, com dizem, mas o seu coração era somente amor para servir aos amigos dos orixás".[1] Por sua vez, segundo Gonçalo Santa Cruz de Souza, "Era uma pessoa alegre e que adorava crianças a sua volta. [...] os seus filhos e filhas ainda vivos informam que ela possuía grande doçura de trato e que jamais brigava sem acariciar depois."[6]

Referências

  1. a b c d Tobiobá 2007, p. 267.
  2. IRDEB 2010.
  3. Souza 2008, p. 18.
  4. Tobiobá 2007, p. 268-269.
  5. Tobiobá 2007, p. 270-271.
  6. Souza 2008, p. 157.

Bibliografia

  • «Terreiro Ilê Axé Opó Afonjá comemora 100 anos na Assembléia Legislativa». IRDEB - Instituto de Radiofusão Educativa da Bahia. 2010 
  • Tobiobá, João Batista dos Santos (2007). «21 cartas e um telegrama de mãe Aninha a suas filhas Agripina e Filhinha, 1935-1937» (PDF). Salvador: Afro-Ásia, Centro de Estudos Afro-Orientais da Universidade Federal da Bahia (36): 265-310 
  • Souza, Gonçalo Santa Cruz de (2008). A Casa de Airá - Criação e transformação das casas de culto nagô: Salvador, Rio de Janeiro, São Paulo e Campo Grande – MG (PDF). São Paulo: Universidade de São Paulo, Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Departamento de História 
  • v
  • d
  • e
Centro Cruz Santa do Ilê Axé Opô Afonjá ou Ilê Axé Opô Afonjá
Ialorixás
Outras pessoas
Instituições
Rio de Janeiro